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Manejo correto na agropecuária reduz emissões

12/01/2009

Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil

O cultivo de arroz irrigado por inundação, a pecuária, os dejetos animais, o uso agrícola dos solos e a queima de resíduos agrícolas são as principais origens dos gases do efeito estufa (GEE) vindas do setor agropecuário mundial, principalmente do óxido nitroso (N2O) e do metano (CH4) que possuem um elevado potencial de aquecimento global. No Brasil, 25% das emissões totais de GEE são originados na agricultura. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 70% do N2O e 30% do CH4 vem do setor.

Apesar disso, melhores práticas podem fazer muita diferença, como o manejo adequado do solo, testes de nitrogênio em campo, uso de inibidores de nitrificação junto aos fertilizantes e melhorias na drenagem dos campos.

Os fertilizantes respondem pelo maior percentual de emissões da agricultura. Ao aplicá-los no solo, a velocidade de degradação da matéria orgânica é acelerada, pois há uma alteração na cadeia de relações entre os elementos químicos da cadeia do carbono e dos compostos do fertilizante, como o nitrogênio. A conseqüência disso é a liberação de gases como o N2O para a atmosfera.

Deste modo, usar adubo orgânico pode ser a melhor opção, pois recicla elementos que de qualquer forma iriam estabelecer emissões pela decomposição natural.

O engenheiro agrônomo Fábio Rosa, especialista em manejo de biodiversidade e desenvolvimento de projetos rurais, ressalta que, ao pensar em boas práticas para reduzir a contribuição da agricultura ao aquecimento global, é preciso incluir a indústria que produz os fertilizantes, grandes consumidores de combustíveis fósseis. “Temos que analisar a cadeia química do nitrogênio, por exemplo, para calcular a emissão real no campo quando aplicado o fertilizante”, explica.

Rebanhos e a produção de metano

As principais fontes do metano no setor agropecuário são os processos de digestão dos rebanhos, rejeitos depositados em lagoas ou tanques e plantações de arroz.

Para os rebanhos, a melhor maneira de reduzir as emissões é promovendo a eficiência do processo digestivo, uma vez que 7% da alimentação pode ser perdida na forma de CH4. Isto pode ser alcançado com a correção na deficiência de nutrientes contidos na dieta dos animais e com o aumento da porcentagem de alimentos com fácil digestão.

Rosa critica o modelo de países da América do Norte e Europa, no qual os animais ficam em estábulos e recebem comida no cocho. “Se formos gentis, diríamos que ele fica em uma “hotelaria”, se formos ácidos, diríamos “campo de concentração”, mas a verdade é que ele fica parado e recebe a comida na boca”.

A dieta destes rebanhos é baseada em grãos que, no processo de produção, emitem grandes quantidades de gases do efeito estufa. “É utilizado adubo químico na plantação do milho, que é recolhido por uma colheitadeira movida a diesel e depois é seco em um processo que também consome energia”, lembra Rosa.

A produção de carne nos Estados Unidos, por exemplo, é ineficiente do ponto de vista energético. Nas fazendas norte-americanas são usadas cerca de 15 quilocalorias (kcal), explica Rosa, para se obter algo como 7 kcal na forma de carne.

“No processo de produção de leite e carne animal a partir da pastagem natural, onde o animal come aquilo que nasceu naturalmente, ele utiliza 1 kcal, porém no final do processo o resultado será 7 kcal”, explica o engenheiro agrônomo.

Pastagens

Deste modo, a criação em pastagem, como a realizada no sul da América do Sul ou na savana africana, é muito mais eficiente, pois o animal colhe o próprio alimento. Rosa destaca que está não é necessariamente a pecuária extensiva, que tem como efeito negativo a degradação do solo de grandes extensões de terra.

Esta seria uma condição intermediária entre a criação extensiva e intensiva, feita através do manejo intensivo do recurso natural ecologicamente sustentável. “O que se faz no Centro-Oeste e Norte do país – a destruição de um ecossistema de florestas naturais e substituição por uma cultura de pastagens semeadas – é uma aberração”.

Por isso, Rosa ressalta que ao falar de criação do gado solto se refere ao uso de campos naturais, como em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e, mais ao sul, a formação da planície dos Pampas, ou nos campos de altitude na Venezuela e nos Andes.

Para os rejeitos, a principal opção é a captura do metano e transformação em energia, com o uso de biodigestores. Já para as plantações de arroz, algumas medidas que podem ser empregadas são melhorias nas práticas de gerenciamento de água, uso de fertilizantes inorgânicos e de diferentes espécies de arroz.

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